Professora da UEM participa das Olimpíadas de Paris 2024

Foto: Arquivo pessoal

O sonho da seleção brasileira de Ginástica Rítmica (GR) de conquistar uma medalha inédita nos Jogos Olímpicos de 2024 começa, nesta quinta-feira (8), na Arena Porte de La Chapelle, em Paris (França). Há exatamente 24 anos, a professora Lenamar Fiorese, do Departamento de Educação Física, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), ajuda as nossas atletas da GR a lidar com os desafios mentais e emocionais associados ao esporte, visando a melhoria do desempenho de toda a equipe.

Em entrevista exclusiva ao Portal Notícias UEM, ela conta em detalhes sua trajetória junto à atual seleção da GR, que contabiliza em 2024 muitas conquistas históricas e resultados expressivos. Somente nos três últimos meses, a equipe faturou três medalhas de prata em competições mundiais. A primeira veio em maio na etapa da Copa do Mundo disputada em Portugal, depois em junho na etapa em Milão, fato que se repetiu no mês passado na etapa do World Challenge Cup, na Romênia.

“Meu primeiro contato com a seleção brasileira de Ginástica Rítmica foi na Olimpíada de Sydney, em 2000. Nesses 24 anos, já acompanhei a seleção em três Olimpíadas, 12 Copas do Mundo e quatro campeonatos mundiais. Ao longo desse tempo, buscamos chegar entre os top five e há dois anos estamos entre as cinco melhores equipes do mundo”, diz Fiorese, orgulhosa de fazer parte desta história.

Juntando conjunto e individual, com titulares e reservas, a equipe da GR, conhecida por Leoas, é formada por 11 ginastas. As titulares do conjunto brasileiro são: Débora Medrado, Maria Eduarda Arakaki, Nicole Pircio, Sofia Madeira e Victória Borges. A seleção, comandada por Camila Ferezin e Bruna Rosa, tem ainda as reservas Mariana Pinto, Giovanna Silva, Gabriella Coradine, e Bárbara Urquiza. Na prova individual, a atleta curitibana Bárbara Domingos representará o Brasil na Ginástica Rítmica Individual nos Jogos Olímpicos de Paris. Sua técnica é Márcia Naves e suplente, Maria Eduarda Alexandre, que é treinada por Solange Paludo.

Equilíbrio emocional das atletas

Como psicóloga permanente da equipe, Fiorese explica que a dinâmica de trabalho é feita em um processo que acompanha todas as etapas de preparação da equipe, seja técnica, tática ou psicológica. “Inicialmente, fazemos uma avaliação de todas as atletas, tirando os indicadores de limitações, de potencialidades, e depois o trabalho com esses dados é feito de forma individual, cada uma trabalhando na sua limitação, com foco na sua potencialidade. Mas também cuidamos de alguns indicadores de problemas de grupo, que são avaliados e observados em treinamentos e competições, tanto no grupo de atletas, como às vezes entre atleta e comissão técnica”, detalha Fiorese .

Segundo a psicóloga, desde a Olimpíada de Sydney, a ginástica rítmica vem investindo no aspecto psicológico. “Antes não existiam muitos psicólogos nas delegações, mas a ginástica sempre se preocupou com esse aspecto emocional. Até porque a pessoa treina anos para executar suas séries no individual em um minuto e meio, e, no conjunto, em dois minutos e meio. Então, se a pessoa erra, são jogados fora anos de treinamento. Por isso é preciso realmente cuidar da saúde mental do atleta junto com o técnico, isso é um investimento a longo prazo”.

Uma vez por mês, durante uma semana, Fiorese trabalha de forma presencial com a equipe, em Aracaju (SE), e, nas outras três semanas, trabalha de forma on-line. Além disso, nas principais competições, ela viaja com a equipe para dar o suporte psicológico a toda delegação brasileira.

Fiorese conta que, desde que a equipe chegou na França, treinou na cidade de Troyes, onde fez simulações de competição, chamadas de treino controle, onde as atletas apresentam as séries exatamente como farão no dia da competição olímpica. De acordo com ela, também foram realizados “trabalhos de visualização, diálogo interno, atitude positiva, feedbacks positivos, que são estratégias mentais importantes para o atleta no momento de reta final”. A entrada da equipe brasileira da GR na Vila Olímpica, em Paris, ocorreu somente no dia 1º de agosto.

Expectativas da equipe em ascensão

Diante deste cenário de bons resultados, Fiorese adianta que a equipe está preparada e confiante em sua atuação de hoje até o dia 10 de agosto, quando acontece a competição final da GR por equipes geral das Olimpíadas de Paris. Nas duas apresentações abertas ao público que fez em Troyes, os franceses ficaram encantados com o talento das atletas brasileiras, especialmente com os elementos artísticos da série mista (bolas e fitas) do conjunto, que homenageia o Brasil.

“A nossa expectativa foi crescendo ao longo do ciclo, em função dos resultados que fomos tendo nas etapas da Copa do Mundo e em campeonatos mundiais. O que a gente quer em Paris é apresentar as nossas séries da melhor forma, de preferência cravando as séries porque o resto é consequência. O que está no nosso controle é fazermos as nossas séries, buscando um bom resultado na execução, porque temos duas séries muito competitivas. Se a gente conseguir fazer o melhor, e acredito que vamos, com certeza teremos um bom resultado”, vislumbra a professora da UEM.

A técnica da seleção brasileira de GR, Camila Ferezin, que também é paranaense, de Londrina, falou com a reportagem do Notícias UEM. “O nosso sentimento é de realização. A evolução foi extraordinária nos últimos anos e, nesse ano, a gente tem conseguido chegar ao topo, entre os melhores, principalmente conquistando medalhas no geral nas Copas do Mundo, que antecederam as Olimpíadas. Então, estamos muito felizes de estar vivendo esse momento único para a ginástica rítmica com chance de medalha. Nosso objetivo maior é cravar nossas séries nos dois dias porque assim a gente sabe que temos chance de estar brigando por uma medalha”, frisa Ferezin.

Lenamar Fiorese : Doutora em Ciência do Movimento Humano, Lenamar Fiorese também acumula duas graduações: em Psicologia e Educação Física. Como pesquisadora atua, principalmente, com temas ligados ao desenvolvimento motor e à psicologia do esporte. E na condição de psicóloga da seleção, o foco de trabalho se dá basicamente em três áreas: treinamento mental, aconselhamento e acompanhamento técnico.

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